DEPOIMENTOS NO REPOSITÓRIO DA UFPA

Entrevista com Violeta Refkalefsky Loureiro

Este conteúdo refere-se à entrevista com Violeta Refkalefsky Loureiro, que nasceu em Boa Vista (RR), em 1944. Filha de pai judeu, que veio ao Brasil assim que foi iniciada a ascensão do Nazismo na Europa, e de mãe natural de Roraima, Violeta comenta sobre a sua infância vivida em um ambiente de cultura eclética devido às origens de seus pais e seus avós. Aos 10 anos de idade, Violeta mudou-se para Petrópolis (RJ) para estudar e depois para Niterói (RJ), onde ficou morando em um pensionato, e conta sobre a dificuldade da época em viajar do Norte ao Sudeste do país, quando precisavam utilizar o avião da FAB (Forças Armadas Brasileiras) e as viagens muitas vezes duravam até 10 dias. Violeta comenta o quanto as viagens que fez pela Amazônia ao longo de sua infância e juventude influenciaram na sua escolha profissional como pesquisadora da região amazônica. Em 1963, Violeta mudou-se para Belém para continuar os estudos no Colégio Paes de Carvalho. Foi nessa época que conheceu e começou a namorar João de Jesus Paes Loureiro, que já estudava na faculdade de Direito, da UFPA. No período do Golpe, entre 1964 e 1968, Violeta relata que a irmã, Margareth, estava escondida, Paes Loureiro havia sumido e o irmão estava preso. Por conta disso e também por ser professora de uma escola primária da Marambaia, da Secretaria de Educação (Seduc), e frequentadora da Livraria Jinkings, foi diversas vezes chamada ao Quartel General para depor. Violeta conta ainda sobre o período em que ficou grávida do primeiro filho enquanto Paes Loureiro estava preso, em 1966, ocasião em que se casaram com a ajuda de amigos. Na década de 1970, Violeta já era professora do curso de Economia na UFPA, dava aulas, sentia que era vigiada e tinha todos os cuidados para não ter suas aulas censuradas pela Ditadura Militar. Em seguida, após realizar o Mestrado em Campinas (SP) junto com o marido, tornou-se professora de Metodologia da Pesquisa, também na UFPA. Violeta conta ainda sobre os períodos em que a irmã e o marido foram presos e sobre as situações pelas quais passou enquanto trabalhava no Idesp (Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará) e sua atuação durante a Ditadura Militar.