O Arquivo Cesar Morais Leite é composto por fotografias retiradas de jornais digitalizados ou impressos, nos períodos de 1954 à 1979. Essas fotografias foram feitas por bolsista de iniciação cientifica do CNPq. Em geral, esses bolsistas eram alunos do curso de história da Universidade Federal do Pará. As pesquisas em que eles estavam envolvidos eram relativas à Ditadura civil e Militar no Brasil, sob a orientação da professora Edilza Fontes. Os jornais que compõem esse acervo são: O Liberal, A Província do Pará, A Folha do Norte e O Papagaio.
Ao utilizar os jornais como fonte para produzir história, o pesquisador precisa ter ciência das filiações políticas em que esses periódicos estão envolvidos, para uma análise mais segura dessa fonte. Porém, a história presente nos jornais não pode ser desprezada pela análise do pesquisador, pois ela expressa mentalidade e tensões dos períodos da história em que foram produzidas.
Dentre os jornais que compõem esse acervo damos destaque A Província do Pará e a Folha do Norte. A Província do Pará originou-se da tipografia de O Pelicano. Em 25 de março de 1876 O Pelicano foi vendido a Joaquim José de Assis. Politicamente, durante a monarquia, este jornal alinhava-se ao Partido Liberal, mas, ainda assim, nos anos que antecederam a Proclamação da República, A Província do Pará abria espaço para que o Club Republicano do Pará publicasse artigos em suas páginas. Em 1889, com a morte do Dr. Assis, a esposa dele repassou todos os direitos sobre o jornal a Antônio Lemos, Intendente de Belém de 1897 a 1911.
A Província do Pará era considerada o jornal mais moderno do Norte. Já em 1897 ganhou a primeira máquina rotativa, a impressora francesa Marinoni, equipamento que outros grandes periódicos brasileiros só adquiriram anos mais tarde (como, por exemplo, o jornal O Estado de São Paulo que só adquiriu este tipo de maquinário em 1907). A Província do Pará, também, foi um órgão de publicidade do governo Antônio Lemos, sendo o principal promotor do lemismo no Pará.
A Folha do Norte foi fundada por Enéas Martins, diversas vezes deputado federal pelo Pará e uma vez governador do estado, e Cypriano Santos em 1896, para fazer oposição A Província do Pará. Após a cisão do PRP em 1897, ocorreu o fechamento do jornal A República que era o principal meio de promoção deste Partido. Este jornal voltou a funcionar em 1899 como órgão do PRF, porém em situação bastante precária, conseguiu manter-se somente até 1900, quando fechou definitivamente suas portas. Com o seu fechamento a Folha do Norte tornou-se o órgão de propaganda e apoio do PRF e, consequentemente, um jornal identificado como laurista.
Apesar das imbricações políticas em que, via de regra, estão envolvidos os jornais, ratificamos que eles são fontes essenciais para a produção da história. Por isso, desejamos que a documentação presente neste novo acervo seja amplamente utilizada e que gere novas análises sobre a história da Ditadura Civil e Militar no Brasil.
Bibliografia consultada:
COIMBRA, Adriana Modesto. A cidade como narrativa: Francisco Bolonha e o papel da arquitetura e da engenharia no processo de modernização da cidade de Belém – 1897-1938. Dissertação de Mestrado apresentada e aprovada na Faculdade de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2014.
Dicionário da Elite Republicana (1889-1930). FGV-CPDOC. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/ files/verbetes/primeira-republica/MARTINS,%20Eneias.pdf. Acesso dia: 20 nov. 2013.
ROCQUE, Carlos. Depoimentos para a História Política do Pará. Mitograph, Belém, 1981.
ROCQUE, Carlos. A História de A Província do Pará. Belém: Mitograph, 1976.
SODRÉ, Nelson Werneck, História da Imprensa no Brasil. 4ª edição, Mauad, 1999.